"Abaixo de cada olho castanho há um olho azul. A única diferença é que um olho castanho tem uma fina camada de pigmento que cobre a íris azul”, disse o presidente e diretor científico do Strōma Medical, onde os testes estão sendo realizados, Gregg Homer.
O procedimento conta com o uso de laser de baixa energia. Sua frequência passa através da córnea do olho, antes de ser absorvida de forma seletiva pelo pigmento escuro que cobre a íris. Assim, o organismo iniciará um "processo de remoção de tecido natural e gradual. Uma vez que o tecido é removido, o azul natural do olho do paciente é revelado", explicou a empresa. Ao remover o pigmento, a luz poderia entrar pelas pequenas fibras no olho. Assim, quando se dispersar, só refletiria os comprimento de ondas mais curtas, o que pareceria azul.
Ainda segundo a Stroma Medical, o processo leva cerca de 30 segundos e, por volta de duas semanas, o olho se torna azul. A empresa espera chegar a 100 voluntários ao longo dos próximos anos, mas no momento só possui 17 no México e 20 na Costa Rica.
No entanto, nem tudo são flores. Oftalmologistas alertaram sobre os possíveis riscos da modificação, como o desenvolvimento do glaucoma. Saj Khan, do London Eye Hospital, na Inglaterra, disse que o procedimento poderia entupir os canais de drenagem do olho, fazendo com que a pressão ocular suba. "Se isso acontecer de forma significativa o suficiente, por tempo suficiente, é como se o paciente desenvolvesse glaucoma", alertou.
Em contrapartida, a empresa escreveu em seu site que esta foi uma das primeiras preocupações da equipe. "Nós estávamos preocupados com essa questão desde o início, por isso foi a primeira questão testada e medida em nossos estudos pré-clínicos e clínicos iniciais. Até agora, glaucoma pigmentar não provou ser um problema em nossos estudos pré-clínicos ou clínicos".
Entretanto, o especialista em correção de visão por meio do laser da Ultralase, Mark Korolkiewicz, disse que há diferenças pontuais entre o procedimento a laser para mudança de cor do olho e a cirurgia ocular corretiva. "A regra básica é que ao chegar dentro do olho com um laser há riscos de causar mais danos. Nós só usamos lasers sobre a córnea, a superfície do olho. Esse novo tratamento envolve o uso de laser no interior do olho", explicou.